Modernismo/Manifesto Antropófago* é uma publicação desenvolvida para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna, realizada entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922 em São Paulo - Brasil. Com textos de Márcia Lígia Guidin – professora Doutora de Literatura Brasileira da USP - Universidade de São Paulo – e de Oswald de Andrade – poeta, escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro –, o projeto faz uma justaposição da história do Movimento Modernista Brasileiro e o Manifesto Antropófago de Oswald, cujo texto é visto como uma forma de expressão pós-portuguesa, se afirmando como uma vanguarda positiva, mais construtiva do que surreal.
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Brasil colônia ou Atual?
Com uma estrutura construtivista inspirada nos textos do manifesto de Oswald de Andrade, o projeto é, ao mesmo tempo, uma homenagem ao Movimento Modernista Brasileiro e seu centenário, bem como uma crítica ao Brasil atual de 2020, que se dispõe, em sua grande maioria, justamente igual ao pensamento da sociedade de 100 anos atrás: uma sociedade preconceituosa e tacanha, disfarçada com um pseudo-nacionalismo ufanista.
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A Antropofagia
Nas sociedades tribais/tradicionais antropofágicas, o nativo comia da carne do nativo de outra tribo acreditando estar assimilando o que este tinha de bom. O guerreiro se alimentava de outro guerreiro forte, assimilando suas qualidades. Oswald propõe seu manifesto com solução para a identidade da literatura brasileira, com a explicação que devemos ser antropofágicos com a cultura europeia: comê-la e digerir tudo aquilo que ela tem de bom, devolvendo isso na forma de uma produção superior, com muito senso de humor e crítica.
A inversão do mito do bom selvagem de Rousseau proposta por Oswald define o Brasil como um país canibal, subvertendo a relação colonizador / colonizado. O colonizado digere o colonizador. Ou seja, não é a cultura ocidental, portuguesa, europeia, branca, que ocupa o Brasil, mas é o índio que digere tudo o que lhe chega. E ao digerir e absorver as qualidades dos estrangeiros fica melhor, mais forte e torna-se brasileiro. Assim o Manifesto Antropófago, embora seja nacionalista não é xenófobo, antes pelo contrário: "Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago."
Desta maneira, propõe uma publicação impressa no formato de 20 x 20 cm, impressa em 4 x 4 cores (CMYK) com tinteiros alimentares, em Papel Arroz 0,7mm de espessura, encadernação estilo hotmelt com cola arroz especialmente desenvolvida para o projeto, e costurada com fio de algodão de grau alimentício em cor branca, para que o leitor, ao final, possa aceitar o convite antropofágico de comer, digerir, absorver este projeto e produzir algo transformador para si mesmo.
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*Projeto desenvolvido enquanto trabalho de conclusão da Unidade Curricular de Projeto, no Mestrado de Design Gráfico e Projetos Editoriais, pertencente a Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Este é um projeto desenvolvido sem fins lucrativos e não foi impressa. Todos os direitos são reservados aos autores dos textos, bem como as plataformas de divulgação por cada um estabelecidas.
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