Zap. You.
Bachelor in Sound and Image
Project for Multimedia Practices
2018
Este trabalho explora, principalmente, a relação entre o ser humano e a obra de arte na atualidade tratando também um dos temas mais naturais para o sujeito artístico, a vigilância, que surge devido à sua necessidade patológica de observar o comportamento dos outros.
Deste modo, pretende criticar a crescente democratização da obra de arte, algo que tanto pode ser positivo, por tornar a obra de arte mais mediática e reconhecida globalmente, como negativo. Um dos elementos que também contribui para a observação superficial e gratuita de um museu é a interatividade. Apesar de ser algo que tem vindo a enriquecer cada vez mais o mundo das artes visuais, acaba por tornar a obra de arte mais acessível, no sentido em que, muitas vezes, as pessoas focam-se mais na interação em si do que no objeto artístico e a sua intenção conceptual, o que transforma a obra de arte em algo “engraçado” e “divertido”. Assim, o público sentir-se-á atraído pela nossa peça pela presença de um comando. Há uma natural vontade de tocar, estar sob controlo da peça e sentir o poder de observar a vida alheia sem se observado a fazê-lo.
No entanto, esta relação entre a peça e o espetador é invertida quando este ultrapassa um determinado número de cliques no comando. Esta passa a controlar o espetador, que transita do papel de observador para observado.
O observado experiencia uma sensação de exposição e desconforto, que o obriga a permanecer em frente ao ecrã por não querer que a sua cara permaneça na obra enquanto outras pessoas observam a peça. Uma reação hipócrita, pelo facto do próprio ter navegado por várias câmaras de vigilância a observar o comportamento dos outros.
This work explores the relation between human beings and works of art nowadays, also attending one of the most common themes explored by artists today, vigilance.
It criticises de growing democratization of the work of art, something that can be either positive, in the sense that it makes art more media and globally recognised, or negative. One of the elements that also contributes to the superficial observation of a museum is interactivity. Despite being something that has increasingly enriched the world of visual arts, it ends up making the work of art more accessible, in the sense that, many times, people focus more on the interaction itself than on the artistic object and its conceptual intention, which turns the work of art into something “fun”. Thus, the public will feel atracted to our piece by the presence of the remote. There is a natural desire to touch, to be in control of the piece and to feel the power to observe the life of others without being observed to do so.
However, this relationship between the piece and the spectator is reversed when he exceeds a certain number of clicks on the remote. In this moment, the piece starts to control the spectator, who transitions from the role of observer to observed.
The observed experiences a sensation of exposure and discomfort, which forces him to remain in front of the screen because he does not want his face to remain in the work while other people are passing by. A hypocritical reaction, due to the fact that he sailed through several surveillance cameras to observe the behavior of others.
Trata-se de uma instalação interativa realizada com o programa Arduino e Max/MSP, onde o observador pode pegar num comando e fazer "zapping" por várias câmaras de vigilância situadas no edifício onde se encontra. Depois de 10 cliques no comando, a câmara no ecrã é ativada e o observador transita para o papel de observado (a sua imagem fica congelada no ecrã). Neste momento, um contador começa a correr no programa e todas as vezes que o observador clica em qualquer um dos botões no comando este volta ao zero. A sua imagem só sai do ecrã quando este se acalma e para de clicar durante 30 segundos.
This is an interactive installation made with Arduino and Max/MSP in which the observer can grab a remote control and "zap" threw several surveillance cameras situated in the building where he is situated. After 10 clicks on the remote, the camera on the screen is activated and the observer becomes the observed (his image gets stuck on the screen). In this moment, a counter starts running in the programme and every time the observer clicks on any button in the remote it returns to zero. His image will leave the screen if he calms down and stops clicking for 30 seconds.
Programação: Catarina Gonçalves
Captação de imagem e edição: Rodrigo Rodrigues
Programmed by: Catarina Gonçalves
Filmed and edited by: Rodrigo Rodrigues
