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Morte Vida Severina

Morte Vida Severina
Rocinha. Cada mínima parte ali é essencial para o todo. Simples e complexo assim. Microcosmo e macrocosmo numa relação de simbiose, onde um não vive sem o outro. Entre avenidas e vielas, a matéria é testemunha do tempo. Ela defende o que não coube no relógio, o que não deu tempo de registrar. Continua ali, firme entre passado e futuro, presente no agora. 
Esse livro-arte foi desenvolvido para a disciplina de Desenvolvimento de Programação Visual da Escola Superior de Desenho Industrial como projeto de Programação Visual. Investigando, sentindo e experienciando o ambiente urbano em suas diversas facetas. Literalmente. Onde a vida parece ter dado lugar ao concreto, esta selva cinza nunca se fez tão rica. Abundância nos olhares, escassez nos direitos.
Entrando mais a fundo nos becos de uma das maiores favelas do Brasil, nos defrontamos com multiversos sobrepostos. Um em cima do outro, eles se sustentam. Carregam nas costas uma cidade inteira. Famílias inteiras. De geração em geração, mais concreto em cima de concreto.
E assim mais um puxadinho dá as caras. Escondendo mais o céu a cada dia. Está ali e ninguém vê. Um universo de sentimentos, suor e luta, que não passou pela burocracia carioca. Que só é, existindo e resistindo. Costurando o tempo com fios embaraçados, emendando as pontas, segurando as rédeas.
Andando por entre caminhos de histórias já escritas que mais dizem sobre o futuro que sobre o passado. Assim se deu. Nasceu esse projeto. Materializando o imaterial. O que não morre nem perece. A humanidade dentro de cada um, e o direito de ter isso reconhecido. O que te faz ser reconhecido como humano? Ser cidadão?
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