Para a disciplina de Materiais e Processos Gráficos do 5º período da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI - UERJ), foi pedido um livreto sobre as propriedades gráficas e subjetivas de determinada cor escolhida pelos alunos. A aqui apresentada é o branco. Ela é analisada do ponto de vista técnico em um panfleto de dimensões 5x5cm; e do ponto de vista subjetivo em um livreto de 14,5x20cm que, através de uma série de colagens e produções gráficas, traça um panorama da cor e seu uso em produções artísticas contemporâneas.
Como visto abaixo, o folheto com as informações técnicas da cor branca fala da teoria da cor e de sua transposição entre RGB e CMYK. Ele foi impresso em um papel A4 metalizado e dobrado cinco vezes.
O livreto contendo a parte gráfica relativa à psicologia da cor foi abordado através de um estudo curatorial. Dispondo diversas imagens como as mostradas a baixo, o livreto também dispunha de uma página de texto, impressa em papel vegetal. Todas as demais páginas foram impressas em papel canson 120g.
      "O branco é uma cor acromática. Oposto do preto, é a cor do leite, da neve e do giz. Por ser a junção de todas as cores no espectro de cores, corres- ponde à luz solar não decomposta visível ao olho humano. Tal associação à luz, faz do branco uma cor comum às religiões e demais aspectos ideológicos associados à pureza, perfeição, neutralidade, exatidão e assepsia. Desde os primeiros desenhos da humanidade em giz e calcita da caverna de Lascaux, ao linho da mumificação egípcia e mármore escultórico grego, o branco em praticas artísticas é carregado de ideais sociais sobrepostos em seu espectro de cor. A veste papal, o carneiro, o Shinto japonês, o vestido de casamento, o luto em culturas orientais, a fachada higienizada da arquitetura modernista. O branco em toda sua história, demonstra um carregamento ideológico excessivo em seu uso. Ideias que muitas das vezes se mostram controladoras, excludentes, higienizadoras e racistas, clamando por uma pureza acromática inexistente.
      Os trabalhos aqui apresentados são (em ordem de sua aparição no livro) de: Adriana Varejão, Sir Lawrence Alma Taderma, Le Corbusier, Christo e Jeanne Claude, Geraldo de Barros, Alfredo Jaar, Ascânio MMM, Roberto Winter, Prem Sahib, Alair Gomes, Paulo Nazareth, Björk, Helio Oiticica, Luiz Roque, Diego Montoya, Iris Van Herpen, John Baldessari, Jonathas de Andrade, Pedro França e Ansel Adams. A curadoria de trabalhos visa propor o branco como um espectro desprovido de normas sociais tão arraigadas quanto posto em prática nas mais variadas poéticas artísticas. Ideologias, quando apresentadas, adicionam ao branco, no trabalho, uma confluência de ideias que resultam em uma potência artística em desacordo com as ideias de pureza excludente socialmente comum já apresentada. A ordem dos trabalhos visa traçar o branco primeiro em um aspecto arquitetônico, seguindo para o escultórico. A partir do mármore das esculturas gregas, entra-se em um universo mais pessoal do branco, humanizando-o. Contornando fotos, performances, vestimentas que vão desde a iconografia pop à poéticas mais subjetivas. Terminando então, com harmonias e ordenações sem ruído, na natureza branca, obliviante.
      Sendo o único elo de ligação entre as obras, o branco as conecta de modo livre, em curadoria e disposição caótica, sem respeitar a natureza restrita das obras, modificando-a; buscando traçar um panorama do branco oposto ao neutro, exato e asséptico. O branco é o fundo desta página e demais formas abstratas presentes neste livreto além do preto; seu código hexadecimal é #FFFFFF."
branco
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branco

Graphic piece elaborated from the color white. Depicts digital collages and graphic work from an intricate selection of contemporary works witch Read More

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