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MANA A MANA: divulgando o coletor menstrual

O coletor menstrual é um objeto maleável em formato de copo que, ao ser inserido no canal vaginal, coleta o sangue menstrual. É reutilizável, podendo estar em uso por até 12 horas, quando deve ser retirado, higienizado e inserido novamente. Também possui vida útil de até 10 anos, sendo mais sustentável e econômico que absorventes descartáveis. Além disso, diferentemente do algodão, seu material — silicone cirúrgico — evita alergias à região íntima.

Apesar de suas vantagens e de existir há mais de 80 anos, informações a seu respeito ainda são pouco acessíveis e divulgadas.
Mesmo que atualmente cerca
de 1,7 bilhões de mulheres menstruem pelo mundo, este assunto continua sendo um tabu. 
Por isso nós, autoras deste projeto, enquanto mulheres e designers, compreendemos a importância de frisar este tema na sociedade. Uma vez que o objetivo deste trabalho é divulgar o coletor como alternativa à vida menstrual e fortalecê-lo alcançando novos públicos, podemos contribuir para um diálogo mais aberto sobre a menstruação e a sexualidade feminina.

Em termos práticos, o projeto objetiva criar materiais que visam instigar e instruir um novo público às possibilidades e vantagens do coletor menstrual, pautando principalmente informações básicas — porém complexas — sobre o objeto.

Com estudos relacionando a Roger's Adoption/Innovation Curve ao coletor menstrual no mercado brasileiro em 2016, foi possível identificar novos públicos em potencial. No entanto, para viabilizar o projeto enquanto Trabalho de Conclusão de Curso, foi necessário fazer um recorte desses públicos, selecionando apenas um. Partindo de métodos do Design Thinking e Design Centrado no Usuário, realizamos enfim uma imersão no universo desse público através de entrevistas, mapeamento de gostos e interesses, mapeamento de rotinas e criação de personas. 
Estudo sobre o público em potencial selecionado. Todas as fotos foram retiradas de perfis
no Instagram de garotas com características compatíveis às do público.
Os dados gerados a partir dos estudos nortearam os conseguintes passos do projeto, a exemplo da seleção dos quatro temas mais urgentes ao público:


  V I R G I N D A D E  x  C O L E T O R ;
  V A R I E D A D E   D E   M O D E L O S   D E   C O L E T O R E S ;
  C O M O   I D E N T I F I CA R   O   M O D E L O   I D E A L   P A R A   C A D A   C O R P O ;
  T I P O S   D E    D O B R A S   P A R A   I N S E R I R .


A identidade visual também foi constituída a partir de um mapeamento de referências visuais consumidas. Isto é, investigando interesses e gostos em comum do público, foi possível identificar suas preferências de linguagem, tanto visual como textual. Uma validação partindo de um método ágil foi juntamente executada para verificar com maior precisão quais tipos de abordagem mais atraíam (ou não) o público. Abaixo, encontram-se as principais características de preferência:
Textos informativos e diretos, técnicas expressivas como colagens, metáforas visuais (isto é, imagens que demandam reflexão e interpretação) e paleta de cores pasteis estão entre as preferências do público. No entanto, a "linguagem publicitária", a qual referia-se a imagens de interpretação bastante facilitada, que recorriam a símbolos já muito utilizados (clichê) ou de de tom imperativo/agressivo, foi rejeitada.

Com isto, finalmente foi possível desenvolver o projeto gráfico. Para tal, foram criadas quatro colagens diferentes que deram origem aos cartazes sobre os temas selecionados: 
O cartaz, porém, como mídia física e limitada, dificulta a exposição de informações complexas e/ou alongadas, fazendo necessário haver uma integração entre o impresso e o digital: através de um QR Code, hotsites contendo explicações e detalhamentos sobre cada tema respectivo podiam ser acessados através dos cartazes.
✖  V I R G I N D A D E   


  V A R I E D A D E   D E   M O D E L O S   D E   C O L E T O R E S   


  C O M O   E S C O L H E R   O   M O D E L O   I D E A L   P A R A   C A D A   C O R P O   


  T I P O S   D E    D O B R A S   P A R A   I N S E R I R   
Além disso, percebeu-se importante ainda acrescentar uma experiência sensorial complementar, elaborada através de uma caixa misteriosa, a qual participantes podem apalpar diversos coletores. Nessa experiência tátil, onde pretende-se estreitar laços entre público e coletor menstrual, ainda é possível acessar outro QR Code, que encaminha quem o escaneia para um perfil no Instagram e finalmente o possibilita manter-se em contato com a ação permanentemente.
Ao longo do processo, diversas iterações foram realizadas juntamente ao público — através de métodos ágeis — a fim de identificar as principais desconformidades, para que a cada ajuste os materiais se aproximassem cada vez mais do conceito pretendido: um projeto instigante, que sirva como gatilho para que o público se interesse pelo coletor menstrual, que atice a curiosidade, facilitando e incentivando a busca de informações à respeito do mesmo e, finalmente, que provoque e desafie a debater-se o tema publicamente, isto é, para além de grupos restritos na internet.  
MANA A MANA: divulgando o coletor menstrual
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