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Ordem Desordenada

| Ordem Desordenada - Fragmento 1 | 
2016 | lápis grafite sobre blocos de MDF | 650x530 mm

Há o sussurro repentino de um cavaleiro andante no meu ouvido.  Na prudência, me esquivo, afinal, todos dizem se tratar um louco. Mas será que estou diante de um homem desajuizado?

Atrevo deixá-lo aproximar novamente, quero ouvi-lo mais, correr o risco. E percebo não se tratar de um louco. Simplesmente, um enamorado de um ideal, que passa a andar pelo mundo buscando ser artífice das suas próprias aventuras, a confrontar o real e o irreal.

Por isso, é visto como insano por todos aqueles que insistem olhar para a vida e não veem além do que seus olhos retêm. Não veem que a realidade não é um bloco isolado, à margem da minha vida, da sua vida. A realidade é formada de aglomerados comunicantes, cheio de contrastes, à espera que lancemos significações nela. Afinal, como bem explica Vilém Flusser, “o homem quem projeta significado sobre o mundo”1.

Ele passa a projetar seus sonhos, carregar-se de entusiasmo para viver aquilo que para ele tem significado. Mais uma vez ele sussurra: “ (…) Atrevi-me, fiz o que pude, derribaram-me, e, ainda que perdi a honra, não perdi nem posso perder a virtude de cumprir a minha palavra”2.

FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.
CERVANTES, Miguel de, Dom Quixote de la Mancha (Trad. de Viscondes de Castilho e Azevedo),  Editora Abril, São Paulo, 1978, parte II, Capítulo LXVI, pág. 576.
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