A Floresta da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo, tem a riqueza histórica de ter sido radicalmente transformada em diferentes espaços em um curto período de tempo. Em menos de 500 anos já foi mata virgem, pasto e plantação, e mata novamente. Sua selvageria, uma vez dominada pelo homem, foi depois liberta novamente. As transformações, claro, nunca são perfeitas, e hoje a floresta guarda fragmentos dos seus distintos períodos passados. A coexistência de tão diferentes momentos cria espaços de dualidades profundas, espaços que pairam no limiar entre o artificial e o natural, entre o conhecido e o desconhecido, entre o civilizado e o selvagem.
É com isso em mente que inicio essa jornada pelo Bosque dos Eucaliptos. Ontem um espaço de contemplação civilizada de uma natureza domada, hoje de deslumbramento da natureza que dominou. Imagens que transmitem ao mesmo tempo decadência e prosperidade, o ruir das construções humanas e o florescer das construções naturais. Este trabalho, que conta um pouco da história dessa floresta, serve como reflexão sobre a fragilidade da sociedade humana e seus constructos e a nossa incapacidade de se harmonizar com um planeta vivo.
