Analisando o contexto urbano onde está inserida a Praça Zacarias, percebe-se a abundância de pontos de concentração de transportes públicos e outros pontos de interesse comerciais e institucionais. Portanto, a proposta de remodelação da Praça Zacarias sugere que a praça torne-se uma referência urbana, criando visuais convidativas a partir de todo o seu perímetro, mas em especial de suas esquinas. Isso porque as esquinas dessa praça são extremos dos eixos transversais que marcam o grande fluxo de pedestres proveniente dos terminais da Praça Rui Barbosa, aqueles que procuram taxis na praça, e dos pedestres que saem da Marechal Deodoro para a XV.

O projeto procura incitar a reflexão sobre a problemática dos rios nos grandes centros urbanos, utilizando-se de metáforas que se incorporam ao desenho do espaço. O desenho do piso tem origem na conformação das bacias do estado do Paraná. A bacia do Rio Iguaçu, onde localiza-se Curitiba, está ao centro e destacada por uma cor diferente da paleta em tons de cinza utilizada para as demais.

 

O equipamento urbano proposto  faz alusão aos vales por entre os quais passaria o rio Ivo, antigamente parte da paisagem urbana de Curitiba. A topografia eleva-se e dá lugar a um bicicletário, um café e um espaço cultural destinado a X no subsolo. Essa casca de concreto revestida por EPDM gera um espaço para permanência e atividades diversas – de manifestações políticas à pratica do skate. No encontro entre os supostos vales, surge um Guapuruvu, representante da mata ciliar que alí deveria existir. Para essa árvore convergem as guias de drenagem que percorrem os patamares e o piso da praça.

 

No subsolo, a reflexão torna-se explícita, através de um memorial: Os rios, uma vez utilizados em fontes e chafarizes, hoje estão na sua maioria canalizados, escondidos e depravados, alheios à cidade da qual se tornaram despejo. Poluídos e inúteis ao consumo humano, em sua porção urbana, rios como o Ivo, que passa sob a Marechal, deveriam tornar-se limpos e ter suas margens reestabelecidas para o bem das gerações futuras, a qualidade da vida da população e, sobretudo, a diminuição da pegada ecológica provocada pelo grande centro urbano, a cidade de Curitiba.

A Travessa Oliveira Bello, conexão entre a Rua XV e a Praça, concentra elementos históricos, tais como a fonte, a presença de floriculturas e as palmeiras. Os quiosques que abrigam as floriculturas se localizam nos extremos e dão início a um pergolado que sustenta trepadeiras. O arranjo fornece sombra e torna agradável a permanência nos bancos sob ele. As espécies herbáceas foram escolhidas para que pelo menos uma delas esteja sempre florida, de acordo com as estações do ano. As palmeiras dispõe-se linearmente e amenizam a altura dos edifícios do entorno.