Inóspito. Aéreo. Terroso. O mundo se estendia vasto demais para ser compreendido, e um sufoco pairava curioso no fundo da alma: “e além”? E além de tudo que um dia foi, e que um dia será? E além de todas as árvores, de todos os mares azuis, de cada ínfimo grão de areia que cobria, não só os mais extensos desertos, mas também, com delicadeza e tristeza, a solidão de mais um dia terreno?
 
E além de todas as pessoas que vivem e viveram, e além de todos os sentimentos perturbados, e de todas as confusões de grandes multidões e grandes silêncios? E além das civilizações, do passado e da história, das buscas pelas origens que permeiam cada passo do progresso? E além?
É no além que pairo, nos recortes de mais um dia no mundo, ou sobre o mundo. É nos fragmentos do que parece impossível, do que parece muito terroso, ou muito escuro, ou muito azul. É na mistura da leveza de uma natureza áspera, no peso das pedras rachadas, depositadas ali por um mistério ainda maior que a existência.  
 
É na melancolia do que se foi, nas ânsias do que está por vir, e na curiosidade. Além, na curiosidade. Lágrimas solitárias deixam seu rastro por mais um campo arenoso: chove mais uma vez no mundo imenso. Olho para cima, enquanto a água cai: a solidão dentro de mim se distancia de todo o resto, a cada passo que dou, além: não estamos sozinhos. Alien. 
Al[i]ém
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Al[i]ém

Projeto de Estilo, tendo como tema de inspiração os mistérios do mundo antigo e sua relação com a vida alienígena.

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