RIDICULAMENTE TROUXA​​​​​​​
É importante evitar ser trouxa. Não que ser trouxa seja vexaminoso, desonroso, insultante. Por vezes é inevitável. Mas, podendo evitar, não seja. Haverão sinais. Sempre há. Se atente. Difícil é não ser ridículo. É que o amor obnubila a mente. Como diria Álvaro de Campos, ‘As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas.’

Ser ridículo tudo bem. Tem de ser. É bom que seja. Trouxa é que não dá. Se já ocorreu de alguém te fazer de trouxa, é ridículo deixar que a mesma pessoa o faça novamente. Mas ser ridículo é característica imprescindível do amor, então... Calma, precisamos organizar as coisas. Proponho impormos um limite ao ridículo. Quantas vezes é aceitável ser ridículo até ser feito de trouxa? A ridicularidade se mensura em unidades? Uma, duas, três vezes? Não, antes disso é preciso definir o que é ridículo. Segundo o Aurélio: ‘Diz-se de pessoa, atitude ou circunstância que se torna risível por levar ao exagero aquilo que é natural ou apropriado a determinada condição’. Assim sendo, na condição de pessoa apaixonada, ser feito de trouxa, é ridículo? Não sei. Sei que é risível. Eu mesmo ri. 

De imediato não. Quis chorar. Passei o dia mudo. Incrédulo. Depois ri. Ri do papel de trouxa que me submeti fazer. Da minha inocência, no auge da vida adulta. Ri ao perceber que estava na cara. Nesse momento, ri de nervoso. Até forcei o riso para segurar o choro. Aí ri de gargalhar, como quem está prestes a enlouquecer. Finalmente, ri aliviado quando percebi que não fui trouxa, fui ridículo. E tudo bem ser ridículo quando há amor. No caso, somente uma parte amava. Mas tudo bem também, havia amor pelos dois. Havia não, há.

É ridículo como é fácil me fazer de trouxa.

Rodrigo Sivieri Pereira
25/12/2023
RIDICULAMENTE TROUXA
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