O Pescador e a Estrela conta a história de Fabiandro, um pescador deficiente visual que, na busca de seu amor desaparecido, mostra que há muito mais para se ver do que só o que enxergamos. O protagonista é um menino solitário que não vê motivos para ser feliz. Ele, então, é convidado por um ‘mensageiro das estrelas’ – o pelicano – a voltar o olhar para dentro de si, a fim de entender que há coisas na vida que não precisam ser vistas, apenas sentidas.
Com direção de Karen Acioly e texto de Thiago Marinho e Lucas Drummond, o musical infanto juvenil dá visibilidade à deficiência visual e traz a acessibilidade ao palco, ampliando a reflexão sobre o assunto nas artes cênicas, dentro do espetáculo e na própria composição da equipe técnica e artística. Estão nesta produção Felipe Rodrigues, ator negro, deficiente visual e morador da comunidade Pavão-Pavãozinho, no Rio de Janeiro, no papel do mensageiro, a atriz e bailarina Moira Braga também deficiente visual e responsável pela direção de movimento.
Eu vou ler a explicação científica para você. Os personagens – pescador, pelicano, hortênsia – e os ambientes – céu, areia, mar – são imagens resgatadas de enciclopédias virtuais e físicas. A enciclopédia é objeto de cena e condutora da história, e suas imagens mantém o resíduo do tempo em processos de impressão que os livros antigos carregam. Os textos, suas descrições nestes mesmos arquivos.
Não dá muito para entender. Tem que sentir. O projeto gráfico traz a vibração das cores misturadas e em constante transição, como a passagem do dia – do nascer do sol à noite escura, refletindo também os personagens e seus humores, assim como as diferentes sensações durante o espetáculo, provocadas pela iluminação. As manchas de cores que compõem os elementos gráficos são projeções de mares e nuvens – papel crepom e algodão – insinuando a sensação de estar em meio ao mar, no balanço de um barco. Feitas com processo experimental, transformando luz em forma.
As vozes dos personagens são protagonistas, com os textos do roteiro e suas indicações cênicas (em geral visíveis apenas para os atores) transpostas como parte integrante da linguagem verbal das peças desenvolvidas. Como uma tradução #pracegover", comum em descrições acessíveis, transformando imagens em palavras.
