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Mãe de Santo



O espetáculo teatral Mãe de Santo é baseado nas vivências da filósofa e ialorixá Helena Theodoro e de outras mulheres, como a da própria atriz que a interpreta, Vilma Melo, através de uma personagem empoderada e de diversas histórias entrelaçadas. Mãe de Santo busca mostrar as inúmeras possibilidades do princípio feminino na tradição africana e procura revelar as diversas verdades da realidade da mulher preta. 

Com um olhar imersivo para as culturas africanas e afro-brasileira, entendendo o silêncio que foi imposto por séculos à mulher preta, o projeto gráfico do espetáculo busca resgatar de maneira simbólica sua identidade, com toda a sua beleza, força e elegância.




Odilê Odilá. É no elo entre "os daqui e os de lá", entre "o tangível e o intangível", entre "a beleza e o mistério" que reside a base conceitual do projeto. Do intangível, temos os Orixás representados em símbolos gráficos, desenhados a partir de suas características, dos elementos que carregam e das cores que são identificados. Do tangível, temos o Turbante com sua forma criada a partir do ícone de um Elo (na ligação formal entre a letra E e a O) e preenchida por uma estampa carimbada em processo experimental sobre tecido Blackout (tecido cuja face preta é pressionada por duas brancas). Unindo estes elementos, temos o retrato em perfil de uma mulher preta, enaltecendo suas características e beleza.  

A tipografia Swear em suas versões Black dão sentido às palavras, que são as condutoras da condição humana.


Mãe, militante, guerreira, atriz, cantora, professora, empregada, cozinheira, escritora, filósofa, mulher, mãe de santo. Múltipla é a identidade. Simbólica, seu sistema é simples porém cheio de significados. 

Os símbolos e cores vêm dos Orixás, divindades da ancestralidade africana. Os elementos gráficos são gerados a partir de um processo experimental baseado no Adinkra, panos artesanais tradicionais do povo Akan, de Gana e Costa do Marfim, caracterizados por símbolos carimbados, carregando mensagens evocativas que transmitem a sabedoria tradicional. Icônica, sua forma representa o Turbante, ícone de resistência e reafirmação da identidade africana. Ilustrativa, tem no retrato um importante registro histórico, descreve a figura humana e revela indícios culturais. As peças gráficas manifestadas em cartazes, peças digitais e redes sociais dão corpo à intenção de comunicar de forma abrangente com o público. 




Um projeto que toca em questões urgentes com delicadeza e impacto, com sensibilidade e respeito. Que se propõe a dar voz, de maneira sistemática, às histórias da mulher preta em toda a sua multiplicidade, com quem todas – independente da cor da pele – nos identificamos e enaltecemos. Sua voz revela a condição humana que resiste na diáspora africana e que lhe permite ser múltipla: secreta, política e sagrada, em busca da melhoria e da redistribuição de afeto pelo mundo. O projeto e suas manifestações gráficas reforçam elementos simbólicos africanos como o Turbante, cujo uso no Brasil é um ato político ao ratificar a cultura preta, para que não perca seu valor, para cultivar e promover o seu orgulho, para resistir e lutar contra o racismo e o preconceito. Além do mais, o uso do turbante na cabeça não é por acaso, tem a função de proteger a cabeça e a mente, fonte de pensamentos e cultivo da fé.


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