todas seríamos rainhas.
(gabriela mistral)
✦ Este projeto de conclusão de curso contempla o estudo para uma adaptação de longa-metragem baseado no livro intitulado “O Parque das Irmãs Magníficas”, de Camila Sosa Villada. Em “O Parque das Irmãs Magníficas”, ou “Las Malas”, título original, Camila, uma das personagens do livro e narradora, sai de um povoado no interior da Argentina para estudar Jornalismo em Córdoba. Em meio a descobertas e vivência de uma liberdade nunca experimentada até então, Camila conhece e é acolhida por um grupo de travestis liderado por Tia Encarna.
✦ O romance “O Parque das Irmãs Magníficas” narra a história de um grupo de travestis que se prostituem todas as noites no Parque Sarmiento, na cidade de Córdoba, na Argentina, até que um acontecimento transforma para sempre a vida delas. Atraída pelo pranto de um bebê, no parque à noite, Tia Encarna o encontra e o leva para casa, modificando para sempre a sua vida e também a de suas companheiras travestis.
A CASA ✦ A casa de Tia Encarna tem tamanha importância na história que pode-se dizer que é quase um personagem, pois tem características marcantes e se altera no decorrer da história, não permanecendo estática ou servindo apenas como um cenário. É o lugar que acolhe, esconde e protege as travestis, onde celebram seus momentos felizes, mas também para onde correm em momentos de desespero - segundo Camila, elas sabem que não poderiam estar mais a salvo em nenhum outro lugar.
De acordo com a obra, a casa consiste em um casarão de dois andares pintados de rosa, o rosa “mais travesti do mundo”. No projeto, decidi manter o tom forte de rosa, mas aqui ele se torna mais desgastado, com imperfeições e desbotamento, para transmitir a ideia de passagem de tempo - afinal, a Tia Encarna tem 178 anos, e também para que a casa chame menos atenção, considerando que é um tom que se destaca entre os demais da vizinhança. Dessa forma, ela não expressa toda a pomposidade que há no seu interior, quem a vê de fora pode pensar que é uma casa abandonada.
O JARDIM ✦ Com base na concepção de que a casa era uma espécie de paraíso onde podiam ser livres, a escolha aqui foi retratar o jardim como algo divino, não interferido pelo homem, como se tivesse vida própria. Plantas de todos os tipos se entrelaçam e preenchem todo o espaço, com exceção dos fundos, onde realizavam os eventos e se reuniam com frequência - no meio, em torno de uma fogueira, há bancos e um espaço onde a vegetação não é tão alta.
"Vão para a casa de Tia Encarna, a pensão mais marica do mundo, que acolheu tantas travestis, escondeu, protegeu, asilou em momentos de desespero. Vão para lá porque sabem que não poderiam estar mais a salvo em nenhum outro lugar.” (página 21)
