Texto publicado na Revista Minas em Cena 

Ilustração: Mariana Pacheco 

Conexões reais
por Sabrina Davanzo

Em um mundo onde imperam as redes sociais e os aplicativos que prometem manter-nos próximos de quem nos interessa o tempo todo, o contato face a face, de pele, é cada vez mais raro.

Conectados 24 horas, falta-nos um minuto que seja para discarmos alguns números e ouvir uma voz do outro lado do telefone.

Estamos nos tornando enlatados, embutidos como os itens práticos à nossa disposição nas prateleiras dos supermercados.

Qual a cor dos olhos do seu melhor amigo? Há quanto tempo você tem visto as pessoas sem realmente enxergá-las?

Estamos, dia a dia, nos robotizando. Circulamos milhares de mensagens positivas na internet sem que nenhuma delas se torne palavras reais, direcionadas a alguém real.

Sim, o mundo evoluiu e isso é ótimo. É claro que enviar um whats app é mais fácil que ir aos Correios (ele ainda existe?) enfrentar a fila e postar uma carta.

Mas, por favor, não deixe que as formas antigas de expressar sentimentos sejam extintas ou se tornem mecânicas.

Uma ilustração fria que nos chega de forma eletrônica jamais substituirá a maciez de uma flor recebida em uma data especial.

Os emoticons não são capazes de traduzir um abraço sincero nem a alegria de vencer uma distância para ver, de perto, um sorriso estampado no rosto de quem a gente gosta. Jogar conversa fora é ganhar uma forma de cumplicidade que nenhum smartphone é capaz de nos proporcionar.

Experimente ser retrô, antiquado, careta de vez em quando. Pessoas são para serem sentidas muito mais do que conectadas.

À proposito, os olhos do meu melhor amigo, que também é o meu amor, são castanhos e brilhantes. E eu não canso de admirá-los pessoalmente, mesmo tendo-o ao meu alcance o dia todo em uma janelinha do computador.