O projeto “Iter Spirituale”, de autoria de Fernanda Cury, narra a trajetória espiritual da artista e convida o público a refletir sobre a própria espiritualidade, valores e desenvolvimento pessoal.

Tocada pela segunda doença de sua mãe, aos 44 anos de idade, Fernanda relembra todo o seu passado, sendo remetida à sua primeira experiência na espiritualidade, tomando consciência, ressignificando, e, colocando em xeque, todos os estudos realizados na área espiritual.

Utiliza de linha e agulha (além de outros materiais, como arames, vidros, nanquins e objetos) para dar início a bordados autobiográficos, reescrevendo essas vivências que alinhavam sua vida desde os sete anos, quando a genitora fora diagnosticada com câncer, pela primeira vez, e partiu em busca de alternativas terapêuticas e espirituais que a levaram, misteriosamente, à cura. 

Retrata, através de seus trabalhos, todo o processo e questionamentos vividos na seara imaterial, narrando a notícia dessa nova doença materna, seu avanço até o estágio terminal, assim como a passagem para o plano espiritual, transpondo, para materiais simbólicos, tudo o que poderia contar de sua autoformação espiritual, recriando as experiências, nas quais teve de aprender a remendar as dores, costurar desafios, fazer ajustes, pesar valores que pudessem servir de suporte para o enfrentamento do porvir.

Título: “Evolúmetro: Balança terrena sem precisão. Necessidade de avaliar outras existências”

Medidas: 50 X 42 X 10 cm

Técnica: Mista (cabide, pratinho de planta, correntes, tecido, linha, papel, fio de cobre, pérola, tinta acrílica e nanquim)

É o medidor, criado por mim, para que possamos nos avaliar, todos os dias, observando se pendemos mais para o bem ou para o mal, para as qualidades ou defeitos, podendo verificar em que pontos precisamos melhorar.

Título: “Purificação” (2019)

Série: “Proteção e Purificação”

Medida: 23 X 20 X 35 cm

Técnica: Mista (jarra de plástico, coador de metal, linha e pedaço de plástico transparente)

Trata da necessidade de, através de um trabalho lento, mas contínuo, árduo, irmos corrigindo nossas falhas, nossos deslizes, os defeitos que nos impedem de crescer espiritualmente, para, em seguida, iniciarmos um processo transformador, transmutando o mal que há dentro de nós em bem, por meio de uma verdadeira faxina, de uma reforma interna, íntima.

Título: “Proteção” (2019)

Série: “Proteção e Purificação”

 Medidas 40 X 40 cm

Técnica: Mista (toalha de chá, papel, nanquim, linha)

   Fala de necessidade de nos protegermos, através do nosso poder mental, do controle de pensamento e sentimentos, e principalmente das orações simples, sinceras, claras, que elevam nosso padrão vibratório e permitem que nos conectemos a seres superiores, que nos iluminam, nos protegem, nos intuem e guiam. Palavras grafadas em nanquim, em pedaços de papel, são unidas e formam a “Consagração do Aposento”, oração que abre os trabalhos, no Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento.

Título: “Consciência leve. Consciência pesada”

Medidas: 50 X 70 cm

Técnica: Mista (duas fronhas de travesseiro, linha, pesinho e pena)

Serve para questionar como anda nossa consciência, como nos sentimos ao colocarmos nossa cabeça no travesseiro, analisando nossos pensamentos e sentimentos. Estamos tranquilos, serenos, leves? Ou nossa consciência, cada vez mais desperta, nos tortura, não nos deixa dormir, descansar?

Título: “Céu e Inferno” (2019)

Medidas: 191 X 198 cm

Técnica: Mista (linha e lençol)

Um alerta para que, no momento em que nos preparamos para dormir, cultivemos bons pensamentos e sentimentos, pois, durante o sono, quando nos desprendemos do corpo físico, dependendo da nossa vibração, somos levados a lugares agradáveis ou sinistros, representados, aqui, pelo Céu e pelo Inferno.

Série: “Matéria, espírito e evolução”

Esta série nos faz compreender que não somos um corpo físico, somos, sim, um espírito em evolução que, a cada existência, habita um corpo distinto, instrumento através do qual poderá se manifestar, realizar, interagir, no mundo físico.

Para marcar a evolução espiritual, os sete espíritos (Trevoso, Belicoso, Vaidoso, Rústico, Consciente, de Luz e Puro) foram criados com materiais distintos (terra, ferro, cobre, lã, algodão, seda/tule), e vão ficando cada vez mais leves e flexíveis.

A cada existência, vamos nos tornando melhores, até atingirmos um estágio tal, que nossos olhos materiais já não conseguem mais detectar o espírito, de tão fluido, sutil.

Título: “Ação Rescisória”

Medidas: 33 X 24 cm

Técnica: Mista (papel cartão, folhas de papel com impressão do texto, linha e presilha)

Esta obra nasceu da minha experiência na área jurídica e é um verdadeiro processo de separação judicial (entre Fulana e Beltrano), com petição inicial, contestação, atos decisórios, oitiva de testemunhas e até mesmo uma perícia “reencarnatória”, que traz à tona, o relacionamento havido entre os três personagens da história, em suas vidas passadas, apontando as afinidades entre as partes, a origem dos conflitos, as dívidas contraídas, a evolução espiritual de cada um, discutindo, em resumo, a reencarnação, o amor e o perdão.

Título: “Existências e Desafios” (2019)

Medidas: 70X50 cm

Técnica: Mista (linha sobre fronha de travesseiro)

Aqui, trato da temática da “reencarnação”, mostrando que, de acordo com nosso grau evolutivo, de acordo com os compromissos e missões assumidos, somos colocados em um lugar, em uma posição, na situação justa e adequada para que possamos melhor nos desenvolver.

Nessa longa caminhada, já fomos ricos, pobres, pretos, brancos, amarelos, homens, mulheres, debilitados, saudáveis, patrões, empregados, forte, fraco, senhor, escravo, percorrendo justamente a trajetória que nos foi sendo imposta por nós mesmos, como consequência de tudo aquilo que edificamos ou destruímos no passado, nesta e em outras encarnações.

Título: “E a vida continua...”

Medidas: 70X50 cm

Técnica: Mista (linhas sobre fronha de travesseiro)

Esta foi a obra criada quando minha mãe estava bem doente (e sabíamos que o quadro era irreversível). Queria que ela não sentisse medo de partir, deixando claro que seria muito bem recebida, no mundo espiritual, por nossos amigos e familiares desencarnados, e que seu Espírito prosseguiria, liberto do corpo físico que tanto nos limita. Ainda, queria mostrar a sabedoria divina, que coloca afetos do lado de cá e de lá, auxiliando-nos nas nossas passagens.

Título: “Quanto partires, que levarás?”

Medidas: 10 X 55 X 35 cm,

Técnica: Mista (mala, camisas brancas e linha) 

Questiona o que levamos no nosso retorno à pátria espiritual. Nossos bens materiais, nosso “status”, nossos títulos, nossa condição econômica e social? Ou nossos valores, nossas obras, aquilo que vivemos e aprendemos, nossa riqueza imaterial?

Título: “Árvore da Humanidade” (2019)

Medidas: 50 X 70 cm

Técnica: Mista (linhas, lã, recortes sobre fronha de travesseiro)

Conta a minha experiência com a meditação raja yoga, quando tomamos consciência de que não somos o corpo, nem os papeis que representamos (raça, sexo, profissão, papel social), mas somos apenas almas, que carregam as características do Criador. Quando abraçamos os papeis, brigamos por eles, vamos nos afastando mais e mais da nossa essência de paz, amor, humildade, alegria, buscando realização nas coisas da matéria, no que está fora de nós e longe da semente, fato representado pela Árvore da Humanidade e as Eras do Ouro, da Prata, do Cobre e do Ferro.

Título: “Não deseje o mal” (2019)

Medidas: 50 X 70 cm

Técnica: Mista (linha, algodão cru, alfinetes, sobre fronha de travesseiro)

Nos faz refletir sobre a necessidade de mantermos nossos pensamentos tranquilos, nossos sentimentos serenos, nossos corações limpos, pois, nos momentos de oscilação, podemos tanto ser influenciados pela espiritualidade inferior, como permitir que aqueles que nos querem mal nos atinjam com magias materiais, mentais ou espirituais, que, embora, pela lei de causa e efeito retornem ao emissor, acabam nos gerando transtornos, como, infelizmente, vivenciei.

Título: “Transição planetária” (2019)

Medidas: 50 X 70 cm

Técnica: Mista (linha, arame de ferro, cobre, papel, toalhinha de chá)

Baseia-se na mensagem recebida por Chico Xavier, em que dizia que a Terra (planeta de provas e expiação), a partir de 2019, passaria por um processo de transição, com vistas a se transformar em um planeta de regeneração, o que poderia ocorrer de maneira mais branda, em paz, caso em que haveria um desenvolvimento sem precedentes, em todas as esferas, ou de maneira belicosa, o que traria consequências desastrosas para o planeta, que reagiria com violência inimaginável, tornando o Hemisfério Norte inabitável, obrigando todos a se refugiar no Hemisfério Sul e, principalmente, no Brasil, que seria chamado a desempenhar o papel de Pátria do Evangelho, com a obrigação de exemplificar amor, renúncia, perdão e compreensão dos povos migrantes.

Título: “A Cura” (2020)

Medidas: 50 X 70 cm

Técnica: Mista (linha, fios de cobre, aro de plástico, sobre fronha de travesseiro)

A cura é fruto da pandemia e representa uma mentalização poderosa, em que uníamos nossas vibrações mais harmoniosas, para elevar o padrão energético do planeta, não só diante do clima deletério trazido pela doença, mas também em razão da desarmonia causada por polarização doentia.

“E quando todos se uniram, verdadeiramente, em um só coração, em um só pensamento, deixando os interesses escusos, a vaidade, o egoísmo, a arrogância, a maldade, a litigância e as mentiras de lado, veio a CURA”.

Título: “Presentes da Quarentena” (2020)

Medidas: 50 X 70 cm

Técnica: Mista (linhas coloridas e metálicas, cristal, sobre fronha de travesseiro)

Nasceu de uma meditação conduzida, em que fui levada a uma cidade medieval, ao encontro de minha guardiã, que me presenteou com um cálice dourado e uma pedra, e me fez imaginar que estava cumprindo a missão de levar ao mundo reflexões sobre a espiritualidade.

O curioso é que, naquele dia, estava no final da leitura do livro “Eco dos Druidas. Sabedoria Celta para um Mundo de Regeneração” e fui surpreendida quando, ao final, o espírito Nolando, também faz uma meditação conduzida com o autor do livro, fazendo-o imaginar um homem sentado, com as palmas da mão para cima, segurando, de um lado, o sol (que se encontrava no portão da cidade que visitei), no outra, a lua. Tinha uma espada, que representava sua coluna vertebral (espada de Excalibur), símbolo representativo de uma força espiritual indescritível. Tratava-se de uma espada semelhante àquela que utilizávamos nas mentalizações da obra “A Cura”.

No centro da lâmina, na altura do timor, havia uma pedra, que era a pedra filosofal, instrumento sagrado de transformação, centro de equalização de forças, semelhante à pedra que recebi de minha protetora, na minha meditação conduzida. Ainda, apoiado na cabeça, coroando aquele ser, havia o “Santo Graal”, cálice de ouro que é a imagem da realização, a essência da divindade pura, que também me foi presenteado. Fiquei maravilhada com tantas “coincidências”.

Título: “Alerta” (2020)

Medidas: 69 X 43 cm

Técnica: Mista (linha em toalha de lavabo)

Esta obra conta como a terapeuta Astrogilda, fazendo uma leitura de tarot para a minha mãe, detectou que ela estaria com um problema muito grave no pulmão e deveria buscar, imediatamente, ajuda médica. Ficamos impressionados quando descobrimos que, de fato, ela estava com câncer e teve de iniciar o tratamento, imediatamente, conseguindo, assim, prolongar sua vida por mais cinco anos.

Título: “Reunidos e Unidos”  (2021)

Medidas: 2,80 X 1,50 m

Técnica: Mista (linha em toalha de mesa)

Retrata as reuniões familiares promovidas por minha mãe, durante toda a sua vida, ao redor da mesa de jantar, momento em partilhávamos os bens e os maus momentos, trocávamos ideias, experiências, prática cristã que sempre nos uniu.

“Minha mãe muito se dedicou à profissão, mas nunca deixou de priorizar a família. Reunia-nos, ao redor da mesa, momento em que nos nutríamos, material e espiritualmente, recebendo orientação, valores, conselhos, trocando ideias, vivências, experiências, tudo com muito respeito e amor. Essa prática tão simples e familiar foi o que sempre nos uniu e nos une até hoje”.

Título: “Sete: o número da espiritualidade”

Medidas: 135 X 48 cm,

Técnica: Mista (medalhinhas, terço, linha, sobre caminho de mesa de minha mãe)

Constata as inúmeras “coincidências numerológicas” verificadas, quando da morte da minha mãe, ligadas ao número “7”, como a data da sua morte, a idade em que partiu, a primeira manifestação de sua doença, o lacre da urna funerária, a data em que lançamos as cinzas ao vento, a minha idade, em todos esses eventos, a soma dos anos de nascimento de toda a nossa família, mudanças de casa que ocorreram em nossos setênios. É como se tudo isso viesse para corroborar nossa ligação espiritual.