Julia De Almeida's profile

Coleção Faces - OBRAS LITERÁRIAS

O incentivo à leitura de obras literárias por meio da valorização gráfica dos livros exigidos pelos vestibulares, tornando-os menos monótonos através de suas melhorias gráficas. A falta de interesse e devida falta valorização das obras de literaturas entre o público jovem, o que torna o livro menos atraente em seu ponto de vista. Os jovens precisam dessa leitura para os vestibulares do país, tornando seu ponto de vista como algo obrigatório, deixando-o ainda mais sem vontade de mergulhar através da história do livro.

Em uma pesquisa realizada por Davi Lago, é dito que o brasileiro não possui o hábito de leitura, o que por sua vez empobrece a capacidade crítica e social do cidadão. De fato, segundo a pesquisa mais recente feita pelo Retratos da Leitura no Brasil e relatado pelo Estadão em maio de 2016, pouco mais de 40% leu ao menos um livro inteiro nos últimos três meses. A falta de interesse e desvalorização da leitura é algo arraigado desde a infância, principalmente por falta de incentivo e crenças de que o tempo estaria sendo melhor aplicado de outra maneira, abarcando diversas justificativas; tais como falta de tempo ou falta de interesse. 

O problema encontrado não se trata apenas da desvalorização do conteúdo nacional e de seus escritores, parte se deve à grande massa que gerou todo esse conflito. Portanto, buscar um novo meio de levar essas obras para o patamar desejado de valorização através das novas tecnologias do cotidiano, e dos novos meios sociais, não seria impossível. Sendo de responsabilidade do designer gráfico ordenar o conteúdo para todas as pessoas com um projeto visivelmente bem aplicado, mostrando um maior “carinho” para com a obra, que deve transmitir um sentimento caracterizado de importância, algo valorizado e claramente acessível. Para isso, procurar leituras sobre o assunto, como periódicos, artigos, leis que possam interferir e questões políticas, podem ser uma forma de entender e saber como organizar esse quebra-cabeça com os elementos essenciais para esse projeto.
Para que as obras da literatura brasileira sejam utilizadas na educação e tenham o reconhecimento merecido por meio do Design Gráfico, optamos por dividir inicialmente a seção do referencial teórico em três partes distintas, quais alguns assuntos podem se complementar através do estudo. Buscamos como base concreta artigos e matérias relacionados a “Literatura”, “Tecnologia” e o próprio “Design Gráfico” por artifício do segmento editorial. A literatura está presente no mundo todo e em todas as formas, cada país possui a sua própria gama de obras, e elas muitas vezes são valorizadas internacionalmente.

Por exemplo, o escritor C. S Lewis, autor de as Crônicas de Nárnia, é considerada Literatura Nacional no Reino Unido, assim como J. R. R. Tolkien, são nomes que apenas por escutar já sabemos do que se trata. Mas qual é a diferença deles e das suas histórias para os nossos escritores brasileiros? Bem, primeiro temos que entender por mais que suas histórias sejam consideradas “infantis” eles possuem um belo teor político da época escondidos nas entrelinhas, enquanto nossos escritores se opõem à esse método, e seus livros podem ser categorizados como “vulgares” Histórias sobre índias, portugueses e burgueses no convívio histórico não chama mais atenção, sua escrita coloquial e difícil não são mais encontradas hoje em dia e mesmo que ainda existam adaptações, passam despercebidos pelas pessoas.
Por se tratar de livros de literatura antiga que carrega em si o peso da história em contexto, preferimos optar por conceitos que fossem conhecidos e agradáveis para os olhos dos jovens leitores como público alvo. O tema de sci-fi e cyberpunk, sem dúvidas é um dos temas mais comentados e procurados, olhando para esse meio de tecnologia e interatividade com o próprio produto, resolvemos atribuir esses conceitos para o projeto. As escolhas de conceito foram divididas em três partes, “Psicodélico”, “Interativo” e ”Cultura”, pois apoia nossa ideia principal de deixar os livros menos monótonos e fazer com que os jovens sintam-se atraídos por eles, e que de alguma forma os ajudes para os estudos dos vestibulares sem se sentirem obrigados a lerem algo entediante. Estudamos e analisamos detalhadamente as origens e os significados dessas palavras, para entender melhor o meio de partida do projeto utilizando painéis e tabelas para o melhor entendimento dos estudos realizados.
O rosa foi empregado como a cor do livro principal da coleção, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Mesmo a história girando em torno da vida de Brás Cubas, existe uma forte presença de diversas personagens femininas ao longo da trama, e cada uma delas causa um impacto diferente na vida do protagonista. As características gerais que são atribuídas ao rosa são tipicamente femininas. Ainda citando Heller, até 1900, as vestimentas para meninos e meninas eram brancas. A moda de vestir as crianças com roupas coloridas se popularizou quando se tornou possível a fabricação de cores resistentes à fervura, em torno de 1920. E foi com a moda colorida para bebês que o rosa se tornou uma cor considerada feminina. Hoje em dia, conforme a sociedade se desconstrói de valores antigos e ultrapassados, estamos deixando de lado o conceito de atribuir cores a sexo. 

Para O Cortiço, a cor escolhida foi o lilás. O livro é um clássico da estética realista-naturalista, e nele é apresentado dois ambientes: o cortiço, onde os pobres vivem, e o sobrado, que é o símbolo do desejo do que os pobres querem se tornar, a burguesia. Assim, o livro ilustra o processo de surgimento das elites brasileiras. Por isso a escolha do lilás, associado com a riqueza e status. 

Já no Iracema, a narrativa da índia que se apaixona pelo português representa a união entre a cultura “civilizada” européia e os valores indígenas, e se passa na época em que o Brasil estava sendo colonizado. Ainda conforme Heller, o violeta vincula a sensualidade à espiritualidade, sentimento e intelecto, amor e abstinência. No violeta todos os opostos se fundem. Portanto, devido ao livro evidenciar a sensualidade da índia Iracema, a virgem dos lábios de mel, e os rituais indígenas com alucinógenos e sonhos, a cor escolhida para representá-lo foi o roxo. 

O azul foi escolhido para o Vidas Secas. O livro narra a vida da família de retirantes sertanejos fugindo da seca do nordeste, marcada pela escassez de chuvas. O azul é uma cor fria. É também a cor da água, do céu, da abundância. É tudo que a família retratada por Graciliano Ramos mais almeja, e esta foi a razão de sua escolha.
A tipografia mais importante do projeto, por ser justamente a fonte que vai ser responsável pelos textos, formando a mancha das páginas, é a Alegreya. Essa fonte foi escolhida como umas das 53 “Fontes da Década” pela competição ATypI Letter2 em setembro de 2011 e premiada com o Certificado de Excelência na Bienal de Tipos Latinos em 2012. Também escolhida na segunda bienal Iboamericana de Desenho, competição realizada em Madrid em 2010. Foi projetada por Juan Pablo del Peral para a Huerta Tipográfica. O sistemas da fonte é uma super família, originalmente destinada a ser para a literatura, incluindo uma família com e sem serifa. Dentre as suas principais características estão a dinâmica e variedade rítmica na qual facilita a leitura de longos textos. Além disso, fornece frescor para a página enquanto se referindo a uma letra caligráfica, não literalmente, mas em uma linguagem tipográfica contemporânea
Ao finalizar, abordamos os pontos mais importantes e objetivos que aludem o assunto, no intuito de compreender que a literatura brasileira de certa forma sempre esteve presente no cotidiano das pessoas, e de todos os estudantes que são obrigados a ler o conteúdo para os vestibulares. Porém, ainda existe um grande buraco negro que conduz de forma desordenada, consequentemente desconfigurando, uma das maiores riquezas linguísticas que possuímos. Se o próprio Brasil não dá o devido valor à suas obras literárias, deixando elas sempre numa espécie de limbo e sem visibilidade para toda a população conhecer, admirar e receber o prestígio merecido, não serão os estrangeiros que irão fazer.

Um projeto de design em um livro de literatura é muito mais que apenas montar o livro, é analisar a educação e os costumes de cada um, e a realidade em que vivem. Vale dizer que a leitura é uma prática de estudo, e também de entretenimento próprio, devemos ter esse gosto sem ter cobrança por parte do educador ou do governo, os jovens precisam de um guia. Somente assim, eles conseguirão possuir um bom gosto pela leitura e pela literatura, formar opiniões críticas e driblar o fantasma da péssima educação do país.

No decorrer deste projeto, realizou-se diversos estudos sobre o design editorial e sua importância na valorização de livros antigos de literatura clássica que de certa forma tem “má fama” entre os jovens. Buscamos compreender qual seria a forma adequada de demonstrar que estes livros, mesmo antigos, ainda são pertinentes no contexto sociocultural atual. Descobrimos que o trabalho e a dedicação para juntar histórias tão diferentes é quase uma paixão, precisa de muito carinho e atenção para que nada perca o sentido e nem sua importância cultural de cada uma, já que é um marco importante para a literatura clássica do Brasil.

Relembrar e trazer esses e costumes antigos de literatura para um livro com o público alvo de jovens e adultos foi uma tarefa difícil em si, em que precisava-se estender para todo livro e até mesmo para fora dele, sem que prejudicasse sua narração e a personalidade de cada um, através de novos conceitos e características deles como um todo. Este gênero literário riquíssimo ainda há de ser muito explorado pelo meio do design gráfico editorial. Em mundo onde a literatura clássica não é algo popular, é importante relembrar que os temas recorrentes na época que os livros foram escritos são pertinentes e existem até hoje. Espera-se que este projeto seja assim como os livros que abordamos: Atemporal.
O Design Gráfico Como Ferramenta de Incentivo à Leitura de Obras Literárias.
Anhembi Morumbi - Design Gráfico com ênfase em tipografia - 2019

Orientadores:
Vitor Fernandes
Luciano de Abreu Tavares 

Integrantes:
Alessandra Ohoe
Giuliane Gualiato
Julia de Almeida
Leticia Kato
Lígia Naumann
Marina Castelani

Coleção Faces - OBRAS LITERÁRIAS
Published:

Coleção Faces - OBRAS LITERÁRIAS

Published: