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Vigilância de dados

Estudos da Internet - Vigilância de dados
 
A era digital tem suas vantagens e desvantagens. Por um lado ela nos facilita em muitos aspectos, como pesquisas rápidas, informações em tempo real. Portanto, a credibilidade dessas pesquisas e informações devem ser apuradas. As Fake News são cada vez mais comuns no mundo digital e são compartilhadas rapidamente em um curto espaço de tempo. 
 
Antigamente as notícias só tinham credibilidade quando eram noticiadas na televisão ou nos jornais, que eram as únicas fontes oficiais de informação. Hoje em dia qualquer pessoa consegue produzir conteúdo para a internet e noticia da forma que quiser, sem apuração dos fatos. A primeira ação dos usuários ao lerem é compartilhar, sem antes pensar ou apurar se é verídico ou não. Isso mostra como somos manipuláveis nesse meio digital. Foi dessa forma que as Fake News fizeram parte da campanha de Donald Trump em 2016, levando-o a vitória.
 
O documentário da Netflix, Privacidade Hackeada desmascara o sistema sujo que envolveu as eleições de 2016 dos Estados Unidos e levou o atual Presidente, Donald Trump, à vitória. A empresa Britânica, Cambridge Analytica, foi acusada de comprar dados de mais de 87 milhões de usuários do Facebook para experimentos. Desta forma eram montados perfis influenciáveis, ou seja, que tinham chance de alteração do voto e eram disseminadas Fake News contra a candidata oposta, Hillary Clinton, na timeline desses perfis a fim de instigar o ódio dos eleitores e influenciá-los a votarem no Trump. 
 
O documentário traz depoimentos e delações de pessoas que trabalharam na Cambridge Analytica nas campanhas das eleições, que após se darem conta do sistema adotado para fazer o candidato vencer, resolveram abrir o jogo. Além de trazer a constante luta de um professor universitário de Mídias Digitais no tribunal para obter de volta seus dados que foram coletados sem autorização para experimentos. O que ocorre é que o Facebook não expõe de forma clara a coleta de dados, então o usuário ao aceitar a Política de Privacidade da rede social automaticamente autoriza que seus dados sejam usados nestes tipos de serviços.
 
Quase todos os passos que damos na internet podem ser rastreados a partir de nossos cliques. A maioria dos sites possuem cookies, que armazenam nossos dados em função das nossas buscas, ou dão a opção de nos conectar com alguma rede social, onde os nossos dados são cadastrados. O documentário mostra como somos vulneráveis nesse mundo digital e como nossos dados não são completamente seguros. A facilidade de disseminação de notícias falsas nesse meio é uma das coisas que o jornalismo atual mais tenta combater.
 
O documentário tem uma forte ligação com o jornalismo na fase da convergência de mídias, as redes sociais na comunicação e principalmente com o maior desafio enfrentado pelos profissionais nos dias de hoje, as Fake News. E não somente para os jornalistas, o conteúdo apresentado também se refere ao cidadão comum que utiliza dos meios para a vida pessoal e para trabalho diariamente, usufruindo de seus benefícios e malefícios ao mesmo tempo. E por último, possui um grande exemplo de como ser um bom jornalista. 
 
Para um futuro profissional de comunicação foi importante observar como o documentário explicou a expansão da rede de cada indivíduo conectada com o mundo, através de ligações "amigos" e "seguidores", ou usuários da mídia social. Pois o atual cenário do jornalismo tem como característica principal a instantaneidade da notícia e a grande propagação que ela tem na internet, principalmente pelas redes sociais. 
Com a popularização destes meios, os veículos estão cada vez mais aptos a tê-los como forma de publicação alternativa, além do online e impresso, e também de interação com o leitor. 
 
Dentro da narrativa é exposto como a informação acaba indo de perfil em perfil e ainda deixa uma espécie de rastro eletrônico, que fica gravado e a partir dele a pessoa recebe da rede sugestões de conteúdo e informação para ver ou assistir semelhantes com o anterior. Este tipo de migalha funciona ainda para interligar os usuários com gosto e interesses parecidos, assim também recebendo a mesma informação sugerida. 
 
Além da utilidade para entender os benefícios da rede de internet, o documentário também serviu como aprendizagem para a disseminação de notícias falsas. As chamadas Fake News acabam por usar o mesmo artifício dos rastros eletrônicos. Elas funcionam encontrando os perfis adequados, ou seja, aqueles que supostamente vão concordar ou ter empatia com a informação, com base em suas migalhas de acesso. Com a ligação entre os usuários, após lançada na internet a notícia falsa se propaga facilmente e alcança níveis alarmantes de visualizações, podendo de fato influenciar o pensamento e fazer novas opiniões surgirem em quem a viu ou assistiu. 
 
Outro fator interessante para a preferência do documentário foi a apresentação da jornalista, Carole Cadwalladr, como uma das personagens essenciais. A jornalista britânica foi umas das peças fundamentais para o escândalo da Cambridge Analytica, empresa de consultoria de comunicação,  e do Facebook em 2018, sobre as eleições estadunidenses de 2016. 
 
Carole começou a investigar como o então presidente eleito, Donald Trump, conseguiu subir seus votos de maneira surreal chegando a vitória. A partir de uma apuração duradoura e às vezes cheia de empecilhos políticos e empresariais, a jornalista encontrou toda a ligação da campanha de Trump com a Cambridge Analytica, que usou o Facebook para espalhar notícias vantajosas do candidato, seguindo a linha dos rastros eletrônicos. Os usuários que mais tiveram migalhas apropriadas, começaram a ser bombardeados de Fake News e influenciados a votarem em Donald Trump, desacreditados na candidata concorrente exposta pretensiosamente, Hillary Clinton. 
 
Outro documentário que fala muito sobre o escândalo das eleições presidenciais dos EUA é o Driblando a Democracia, que mostra ao público como a campanha de Donald Trump foi construída, quem eram as pessoas envolvidas e seus principais investidores. O principal investidor da campanha foi Robert Mercer, CEO da Renaissence Technologies, e era pouco conhecido antes do escândalo da Cambridge Analytica, as poucas informações que tinham era que ele era considerado conservador e de direita. O documentário parte da denúncia de Christopher Wylie, ex- consultor de dados da Cambridge Analytica e emissor do alerta contra o Facebook. Wylie decidiu abrir ao público em forma de alerta quando se deu conta de que fez parte de um esquema que manipulava o voto dos eleitores através de Fake News disseminadas dentro do Facebook. O documentário também traz depoimentos e explica como os dados dos usuários são coletados, como a empresa consegue montar perfis a partir do seu perfil no Facebook.
 
Com depoimento de um especialista em psicometria, ele explica como a empresa consegue montar os perfis influenciáveis e conhecer cada usuário desde o CEP até se ele possui porte de armas ou não e assim instigar o ódio pelo candidato adversário através de notícias falsas que atinjam o ponto fraco desses eleitores. Até mesmo sites de testes e perguntas sobre “Veja quem você é em tal série” servem como coleta de dados para montar seu perfil influenciável.
 
Em Privacidade Hackeada, o professor David Caroll luta para obter seus dados coletados de volta e é mostrada toda a luta dele no tribunal e sua indignação a cada revelação. Em Driblando a Democracia, Caroll já tem as planilhas em mãos, com seus dados que foram coletados, seu perfil de eleitor montado e sua possível posição nas eleições. 
    
A LGPD (Lei de Proteção Geral de Dados) foi sancionada no Brasil pelo antigo presidente, Michel Temer, em 2018. O texto diz que os usuários possam ter maior poder sobre suas informações pessoais na rede, para controlar a privacidade, recuperação ou transferência do conteúdo entre serviços online. Além de trazer diretrizes para modificar a forma como as empresas armazenam, consultam e usam esses dados. Inspirado em um projeto da União Européia, a lei deve entrar em vigor um ano e meio após a sua publicação.
 
O lugar que usamos para nos relacionar com outras pessoas virou um lugar sombrio e perigoso. Nossos dados são valiosos para grandes empresas que movimentam a economia. A partir deles são criados perfis através de algoritmos capazes de influenciar e mudar nosso comportamento. Grandes plataformas, como Google, Youtube e Facebook armazenam dados para campanhas publicitárias a partir das buscas personalizando anúncios de possível interesse do usuário.
 
Ambos os documentários são necessários e importantes para ficarmos cientes de que o avanço da tecnologia em muito nos ajuda mas pode nos trazer desprazeres também. É de extrema preocupação como a tecnologia tem afetado grandes áreas como jornalismo, a música e agora a política e assustador ver que esse avanço consegue hoje driblar a democracia e fraudar os resultados das eleições.
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